O que falta ao governo Lula não é comunicação nas redes sociais, é voto

A esquerda brasileira, em especial o PT, enfrenta um cenário político nebuloso. As eleições municipais se aproximam e a sensação de derrota paira no ar. O partido do presidente Lula busca desesperadamente explicações para o momento de baixa popularidade do governo, culpando a “má comunicação” nas redes sociais. Mas será que a culpa reside apenas na falta de “likes” e retweets?

A realidade é bem mais complexa e amarga. As políticas do governo Lula, em um momento sem pandemia, estão sendo percebidas como desastrosas pela população. O arrocho da cesta básica, as taxações em ritmo frenético e a insegurança crescente criam um caldo de insatisfação que as redes sociais do governo, por mais poderosas que sejam, não conseguem disfarçar.

A memória do brasileiro é fresca. As medidas que beneficiavam a população mais baixa, como a isenção de impostos em compras de empresas como Shopee, foram desfeitas pelo governo atual, gerando uma sensação de retrocesso e um contraste direto com a gestão anterior, mesmo em meio às dificuldades da pandemia em que o governo Bolsonaro passou.

O PT parece ter se esquecido de que a política não se resume a algoritmos e hashtags. A conexão com a realidade social, com os anseios e necessidades do povo, é fundamental. É preciso entender que o voto é conquistado com ações, com políticas que tragam resultados palpáveis, e não apenas com promessas e discursos nas redes sociais.

Com uma vitória em 2022 com uma margem apertadíssima, a esquerda brasileira não levou em consideração que quase perde.

O Governo Lula precisa ouvir as críticas, entender as frustrações e buscar soluções reais para os problemas que afligem o país. O caminho para a recuperação da popularidade não se encontra nas “lives” ou nas postagens no Twitter, mas sim no terreno da ação política, sem querer impor ideologias que a população já rejeitou através do parlamento e buscar a paz que foi prometida no período eleitoral, parar de fazer declarações desastrosas e trabalhar pelo país que lhe confiou um mandato.

Júnior Melo (advogado e jornalista)

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