O que a “tolerância zero” de El Salvador pode ensinar ao Brasil

A redução drástica dos índices de criminalidade no pequeno país centro-americano de El Salvador, de pouco mais de seis milhões de habitantes, tem feito cada vez mais gente a se perguntar se o modelo “linha-dura” de encarceramento em massa não seria o ideal também para a realidade de vários países latino-americanos, inclusive o Brasil.

Por meio de Estado de Emergência, o presidente el-salvadorenho Nayib Bukele declarou guerra ao crime organizado. Construiu uma prisão de segurança máxima, conhecida como “Alcatraz da América Central”, com capacidade para 40 mil detentos. A lei marcial possibilitou tirar rapidamente de circulação traficantes, assaltantes e homicidas.

Em pouco tempo, o índice de assassinatos caiu 98%, e El Salvador se tornou um dos países mais seguros do globo. No programa Última Análise desta terça-feira (15), os colunistas André Marsiglia, Leandro Narloch e Paulo Polzonoff Júnior discutem até que ponto o modelo “bukeleniano” pode ser transplantado para a realidade de outros países, como o Brasil, que tem problemas crônicos com a segurança pública.

Será que para combater a criminalidade é aceitável “passar por cima de garantias” e cometer “algumas injustiças”? O programa pretende debater os limites do punitivismo e se a abordagem de Bukele não geraria uma nova forma de insegurança, agora vinda do próprio Estado. Outro ponto da discussão envolve a proposta do ministro da Justiça, Ricardo Lewandovski, de centralizar a segurança pública ainda mais no governo federal, retirando poder e autonomia das polícias estaduais.

Além de Bukele: críticas e alternativas

Além disso, o “Última Análise” pretende debater algumas ideias questionáveis sobre a criminalidade, como a crença de que a pobreza é a principal geradora de crimes. O debate também abordará a dificuldade de se criar um “Plano Real da Segurança Pública” para frear a criminalidade de forma eficaz e duradoura, sem recorrer a medidas extremas.

Fiel à sua linha editorial, o Última Análise discute também a questão da dignidade intrínseca de todo ser humano, mesmo daqueles que cometeram crimes hediondos. Apesar da perda da dignidade moral pelas escolhas dos criminosos, caberia preservar ainda aquela dignidade fundamental que pode abrir o caminho para o arrependimento e a ressignificação da vida?

Em um país marcado pela violência, o programa irá discutir como lidar com a crescente dessensibilização da população. O papel da família na prevenção ao crime, ao concorrer para formar cidadãos mais responsáveis, com conhecimento de limites e disciplina no autocontrole dos jovens também será debatido. O Última Análise vai ao ar de segunda a quinta-feira, às 19h, no canal do YouTube da Gazeta do Povo. Assista:

Por Marcos Tosi – Gazeta do Povo

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