O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que enfrenta um processo de cassação por conduta considerada inadequada, afirmou que pedir desculpas neste momento seria ainda mais grave do que perder o mandato. Durante entrevista ao UOL News, ele declarou que assumir culpa agora representaria um ataque à sua própria integridade.
“Eu não posso pedir desculpas porque se eu fizesse isso seria um ataque tão brutal a mim mesmo, seria me anular de maneira tão profunda. Num processo como esse, pedir desculpas seria pior do que uma cassação de mandato. Então, eu não vou fazê-lo, vou manter a minha dignidade, vou seguir em frente, vou continuar defendendo o mandato e as lutas que ele representa até o final desse processo”, declarou.
O processo contra Braga foi motivado por uma representação do partido Novo, que o acusou de ter agredido fisicamente um integrante do MBL dentro da Câmara dos Deputados, em abril de 2024.
Segundo o relato, o parlamentar teria expulsado o homem aos chutes. O caso é tratado como quebra de decoro parlamentar e já conta com 13 votos favoráveis à perda de seu mandato, contra cinco que se opuseram. No dia 17, ele conseguiu suspender temporariamente o andamento do processo após costurar um acordo com o atual presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Na mesma entrevista, Braga voltou a responsabilizar o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por supostamente articular sua cassação nos bastidores. Ele criticou a condução do relator na Comissão de Constituição e Justiça e disse que houve desproporcionalidade na punição aplicada.
“Evidentemente, eu sei que o cenário é difícil. Com a apresentação do recurso na Comissão de Constituição e Justiça, ali foram indicados, evidentemente, elementos constitucionais, elementos legais. E o relator poderia, sim, ter se posicionado sobre eles e revertido a decisão do Conselho de Ética. Por exemplo, no ponto específico da minha reação ao provocador, tem a de determinação, no Conselho de Ética, tem a pena para esse tipo de caso aplicado, com a censura verbal e escrita para que a gente tivesse a proporcionalidade em relação ao ato. O relator, se quisesse, poderia dar acolhimento a isso. Não fez, não fiz, não quis”, afirmou.
Braga reiterou que pretende resistir até o fim do processo, mobilizando apoiadores e expondo, segundo ele, os reais interesses por trás da tentativa de afastá-lo.
“O que me cabe é seguir mobilizando socialmente, mostrando o que está acontecendo, mostrando quem é o sujeito oculto dessa história, a influência que Arthur Lira [ex-presidente da Câmara dos Deputados] ainda exerce, fazendo o enfrentamento ao que é a representação do orçamento secreto”, concluiu. (Foto: Ag. Câmara; Fonte: UOL)