Eduardo Bolsonaro pode ser a saída da Direita em 2026, se o pai determinar

É natural que o esteja se cacifando como o grande líder político deste momento do Brasil e, com isso, tenha ganhado dimensão política de presidenciável — tornando-se, de forma natural, o primeiro da fila caso o pai esteja impedido de concorrer.

Há outros grandes nomes na direita, mas no fim das contas, não se trata apenas de pedigree ou até mesmo do preparo e amadurecimento que eu testemunhei de perto nos últimos anos. Quem entendeu a origem do problema e diagnosticou corretamente a solução foi o Eduardo. Agiu, aliás, na contramão das orientações dos aliados. Houve quem dissesse publicamente que não desejava ajuda dos EUA. Eduardo, no entanto, teve convicção. Mais do que isso: esteve disposto a se sacrificar pessoalmente — se exilando, abrindo mão do próprio mandato e de todos os benefícios — tudo isso para tentar algo que todos diziam ser impossível, reconhecendo inclusive a improbabilidade de sucesso em uma tarefa jamais antes tentada. Estava – e está – disposto a talvez nunca mais voltar à própria pátria e abrir mão de uma eleição certa para o Senado.

Aguentou chacota e escárnio — inclusive dos aliados, pelas costas — de cabeça erguida.

Vieram os primeiros resultados. E nos próximos dias, virão muitos outros.

Essa é a jornada do herói.

Carl Jung chamou isso de um arquétipo profundo, inscrito no inconsciente coletivo: o herói é aquele que sente o chamado, atravessa o limiar, mergulha no caos e no desconhecido, enfrenta provações que o transformam, encontra aliados e mentores, e então encara o dragão. O dragão pode ser o sistema, o Leviatã, o tirano, o impossível. O dragão pode até ser calvo. É uma luta que exige coragem, fé e renúncia. Mas somente quem entra na caverna escura — onde todos têm medo de entrar — tem a chance de encontrar o tesouro.

Joseph Campbell detalhou isso melhor do que ninguém: o herói não é o mais forte, nem o mais popular. É o que está disposto a atravessar a dor, o exílio, a dúvida, e seguir – mesmo sem garantias. Quem vence o dragão é o herói. E quem não entrou na caverna… não recebe nada. Não importa quantos seguidores tenha, ou quantos likes consiga. A recompensa — o tesouro, a princesa, a redenção — só é dada a quem foi até o fim. É assim em todos os mitos, religiões, histórias e civilizações.

A Globo e o sistema perceberam isso. Instintivamente. Por isso saíram do escárnio e da perseguição— para, agora, o silêncio. Pararam de falar do Eduardo. Perceberam que estavam dando a ele uma dimensão épica, quase mítica, devida. Seus comentaristas agora fazem contorcionismo para minimizar seu papel. Tudo virou obra “das big tech”.

O problema é que parte da própria direita também entendeu o que está acontecendo. E, por ciúmes ou cálculo político, tenta diminuir, fingir que não viu. E repetem as mesmas coisas ditas pela esquerda. É meio patético — mas previsível.

A política exige estômago. E é por isso que eu quero distância. Ver amigos, pessoas que admiro, políticos e líderes promissores e competentes evitando dar os louros a quem merece por pura mesquinharia — é enojante.

Felizmente, é inútil. O arquétipo do herói é irresistível para as massas. É mais forte que qualquer narrativa fabricada. Os autores do que está vindo à tona não poderão ser apagados. Para os menos distraídos, já está claro.

Por enquanto, Brasília já está chacoalhada. Mas este é só o começo. E não tem a ver apenas com o julgamento de Jair Bolsonaro. A luta nunca foi por isso.

Eu sei. Eu estou na trincheira, ombro a ombro.

E oro por duas coisas: pela união entre os que amam a liberdade com o reconhecimento do herói que mais fez por ela.

Para que o outro lado tenha o bom senso.

Porque, se não tiver, talvez seja inevitável: teremos que queimar a floresta inteira para pegar o bandido de Burma.

Por Paulo Figueiredo via “X”

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