O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou na sexta-feira (11) representação ao Conselho de Ética contra o deputado André Janones (Avante-MG). A medida foi tomada pela Mesa Diretora da Casa em resposta a um episódio ocorrido durante a sessão plenária de quarta (9), quando Janones teria adotado “comportamento incompatível com o decoro parlamentar”.
A representação solicita a suspensão do mandato de Janones por seis meses, com base em um ofício enviado pelo corregedor parlamentar, deputado Diego Coronel (PSD-BA), após pedido anterior do Partido Liberal (PL) à própria Corregedoria da casa. Segundo a Mesa Diretora, a ação foi motivada pela gravidade dos atos praticados por Janones. O deputado, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria provocado a bancada do PL e ofendido o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), seu rival político em Minas.
Discurso sobre tarifaço de Trump motivou reação de Janones
O incidente começou quando Nikolas Ferreira discursava na tribuna sobre o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente Donald Trump. Durante o pronunciamento, Janones reagiu com críticas e xingamentos, o que gerou um bate-boca entre deputados governistas e de oposição, especialmente entre Janones e integrantes do PL.
Na apresentação, a Mesa Diretora indicou que Janones utilizou expressões de baixo calão, desonrosas e depreciativas, comprometendo a dignidade do Parlamento. Na rede social X, Janones afirmou ter sido agredido fisicamente no plenário por uma “tropa de choque bolsonarista” e disse ter formalizado queixa-crime e realizado exame de corpo de delito.
Deputado diz que foi agredido e atencipa disputa eleitoral de 2026
“Sozinho, fui cercado por 12 deputados que tentaram me intimidar para que eu não criticasse o deputado Nikolas Ferreira enquanto ele discursava na tribuna”, publicou. Também demonstrou vontade de escalar o confronto, antecipando as eleições do ano que vem: “2026 já começou. E, a partir de agora, haverá CHORO e RANGER DE DENTES. É GUERRA”.
Conforme o regimento interno da Câmara, o Conselho de Ética deverá decidir se abre procedimento contra Janones e nomear um relator para o caso.
Janones já passou pelo Conselho de Ética
Este não é o primeiro episódio envolvendo Janones e o Conselho de Ética. Ano passado, o Conselho arquivou uma ação do PL que o acusava de cobrar parte dos salários de servidores do seu gabinete, a famosa “rachadinha”. Na ocasião, o colegiado entendeu que o caso deveria ser investigado pela Justiça.
A própria Procuradoria-Geral da República (PGR) concluiu que havia indícios de suposto crime de peculato no caso das “rachadinhas”. Mas a PGR preferiu não seguir com o caso e propôs acordo de não persecução penal (ANPP), que permite ao acusado que confesse a prática do delito e receba punições mais brandas, neste caso ele devolveu R$ 131,5 mil e pagou R$ 26,3 mil de multa.
Gazeta do Povo