Trump retira tarifa de 40% sobre produtos do Brasil e cita Lula

Nesta quinta-feira (20), o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que cancela integralmente as tarifas de 40% aplicadas a produtos brasileiros, encerrando um impasse aberto desde julho, quando as sobretaxas foram impostas sob alegações de “emergência nacional”.

A decisão atinge um amplo portfólio de itens. O texto divulgado pela Casa Branca menciona produtos do agronegócio, mas vai muito além deles.

Entre os setores contemplados estão carnes, frutas, nozes, cacau, café, chá, especiarias, vegetais, raízes e tubérculos, além de alimentos processados, bebidas, fertilizantes, minérios, minerais, combustíveis fósseis, petróleo e derivados. Todos esses itens passam a ser liberados sem a tarifa extra, voltando ao regime anterior às medidas de julho.

A ordem executiva determina que será feito o reembolso integral dos valores pagos desde a aplicação das tarifas. O anúncio também alinha a vigência da nova diretriz ao corte promovido na semana passada, quando Trump já havia revogado uma taxa adicional de 10% que incidia principalmente sobre alimentos. Com isso, o pacote de sobretaxas imposto ao Brasil ao longo de 2025 está completamente desfeito.

A reversão representa uma guinada em relação ao decreto de 30 de julho, no qual Trump afirmava que ações do governo brasileiro eram “incomuns” e “extraordinárias”, supostamente afetando a economia e a política externa dos EUA e ameaçando empresas norte-americanas.

À época, o republicano citava até impactos sobre a liberdade de expressão nos Estados Unidos como justificativa para impor tarifas de 40%.

Agora, porém, o discurso mudou. Segundo o novo documento, recomendações adicionais da equipe econômica e o avanço nas negociações com Brasília fundamentam a retirada total das taxas.

A Casa Branca reconhece que o diálogo direto com Luiz Inácio Lula da Silva foi determinante. Trump registra na ordem executiva que manteve uma conversa com o petista no dia 6 de outubro de 2025, ocasião em que ambos concordaram em iniciar uma rodada de negociações para revisar o Decreto Executivo 14323 — o mesmo que aplicava a tarifa de 40%.

Desde então, segundo o documento, as equipes técnicas dos dois países têm mantido contato contínuo, o que abriu caminho para a solução. A Casa Branca destaca que as tratativas seguem em andamento, indicando que outros ajustes comerciais podem ser discutidos futuramente.

A revogação das sobretaxas deve aliviar tensões acumuladas nos últimos meses e pode reaquecer o intercâmbio comercial entre Brasil e Estados Unidos.

Setores como agronegócio, mineração e indústria de alimentos eram os mais pressionados pelas tarifas e já calculam o impacto da medida sobre exportações represadas desde julho.

Empresários brasileiros interpretam a decisão como um sinal positivo do governo norte-americano, especialmente após a suspensão parcial anunciada na última semana.

O desfecho também reduz incertezas sobre políticas comerciais que vinham interferindo na logística de exportação e no planejamento de contratos de longo prazo.

Com a nova diretriz, o comércio bilateral retorna ao seu patamar anterior às disputas deste ano, enquanto Washington e Brasília prosseguem nas negociações abertas após a conversa entre Trump e Lula, conforme registrado na própria ordem executiva.

Direita Online

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