Itaú é dono das Havaianas; herdeira do banco foi uma das maiores doadoras da campanha de Lula na última eleição

Como a campanha da Havaianas revela a interseção entre marketing, influência corporativa e financiamento político no Brasil

A recente campanha publicitária da Havaianas, que gerou forte repercussão nas redes sociais ao trazer a atriz e militante Fernanda Torres com um discurso de viés político — sugerindo “não começar o ano com o pé direito” — reacendeu o debate sobre o posicionamento ideológico de grandes marcas no Brasil e suas conexões com o poder político e econômico.

O que muitos consumidores desconhecem é que a Havaianas pertence à Alpargatas, empresa controlada desde 2017 por um consórcio liderado pela Itaúsa, holding vinculada ao Itaú Unibanco, em parceria com os fundos Cambuhy Investimentos e Brasil Warrant. Por trás dessas estruturas estão as influentes famílias Setúbal e Moreira Salles, controladoras de um dos maiores conglomerados financeiros do país.

O contexto ganhou ainda mais relevância após a divulgação de que uma herdeira do Itaú foi uma das maiores doadoras individuais da campanha presidencial de Lula, figurando entre os principais financiadores privados do então candidato. Esse dado reforça questionamentos sobre a interseção entre grandes grupos econômicos, financiamento político e alinhamento ideológico, temas centrais na análise do mercado financeiro e corporativo.

Especialistas em estratégia de marketing apontam que a campanha da Havaianas não parece um ato isolado, mas sim parte de um posicionamento político estratégico, adotado de forma explícita por uma marca historicamente associada à neutralidade, ao lazer e à identidade popular brasileira. O uso de uma figura pública reconhecida por sua militância transforma o que seria apenas publicidade em mensagem ideológica, impactando a percepção da marca junto ao público.

A reação negativa de parte dos consumidores evidencia um cansaço crescente com empresas que utilizam marcas consolidadas para transmitir mensagens políticas, especialmente quando há vínculos diretos com grupos que atuam ativamente no financiamento de campanhas eleitorais.

O episódio abre uma discussão mais ampla sobre marketing corporativo e influência política: até que ponto grandes corporações podem usar seu alcance para influenciar o debate público, e qual o limite entre estratégia de marketing eficaz e ativismo ideológico disfarçado de publicidade?

No fim das contas, o marketing pode gerar engajamento e visibilidade, mas quando mistura consumo, poder econômico e política partidária, o preço pode ser a perda de confiança de parte significativa do público, impactando a reputação da marca e seus resultados financeiros.

Com informações podernacional.com.br

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