Maceió vive horas de terror com risco de mina da Braskem colapsar ‘a qualquer momento’

Solo cedeu 1 metro e continua afundando a uma taxa de 2 centímetros a cada 60 minutos; mais de 55 mil pessoas deixarem suas residências, e a prefeitura decretou estado de emergência

A região do bairro de Mutange, em Maceió (AL), está enfrentando uma situação de risco devido ao colapso iminente de uma mina da Braskem, levando famílias a deixarem suas casas. Os primeiros danos foram registrados em fevereiro de 2018, quando parte das ruas do bairro foi afetada, resultando na necessidade de mais de 55 mil pessoas deixarem suas residências. A situação se agravou recentemente com o rompimento de uma das minas de sal-gema exploradas pela empresa. De acordo com a Defesa Civil, nas últimas 48 horas, o solo cedeu 1 metro e continua afundando a uma taxa de 2 centímetros a cada 60 minutos. O principal temor é que o desabamento, que pode acontecer a “qualquer momento” — de acordo com o comunicado do órgão — cause grandes crateras e tremores, além de um possível efeito cascata de colapso de solos em outras regiões. Somente no mês de novembro, cinco abalos sísmicos foram registrados no Mutange.

A exploração do sal-gema em Maceió teve início na década de 1970, resultando na criação de 35 poços de extração. Em 2018, um forte tremor de terra provocou as primeiras rachaduras nos bairros, sendo que uma delas possui extensão de 280 metros. Agora, uma das minas do bairro Mutange está em iminente risco de colapso, o que poderia levar ao afundamento de todo o solo. A cavidade da mina 18 é coberta por uma camada extremamente fina. A extração do sal-gema é realizada para a produção de soda cáustica e policloreto de vinila (PVC). Essas minas, que se assemelham a cavernas, estão localizadas sob uma lagoa, e o topo dessas cavernas pode colapsar a qualquer momento, resultando em impactos ambientais imprevisíveis.

Diante do risco iminente de colapso, a Prefeitura de Maceió decretou estado de emergência na região. Pacientes de um hospital no bairro de Pinheiros foram transferidos para outras unidades de saúde, uma vez que o Hospital Sanatório está próximo ao bairro de Mutange, afetado pela atividade de mineração da Braskem. Em meio ao risco iminente, os moradores da capital alagoana estão preocupados e revoltados. Faixas e pichações chamando a Braskem de assassina se espalharam na cidade. Nas redes sociais, os maceioenses expressam a aflição com a falta de mensagens claras das autoridades. “Um eterno tira casaco, bota casaco. Catástrofe com hora exata, anunciada pela prefeitura, que nunca chega. Gera ansiedade na cidade inteira, além de comunicados super genéricos que não sabem nada sobre a dimensão do caso”, queixou-se uma moradora. Também há reclamações de que turistas chegaram e não foram avisados sobre os riscos. A empresa afirma estar mobilizada e monitorando a situação da mina 18.

JPan

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