Manifestação na Avenida Paulista mostra ‘rejeição a Lula’, afirma colunista do Estadão

Em artigo, o jornalista José Fucs analisa os resultados do ato em favor da democracia, que reuniu 750 mil pessoas no último domingo, 25, em São Paulo

Em uma artigo publicado nesta terça-feira, 27, no jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista José Fucs fez uma análise do ato pela democracia e lembrou das declarações de opositores de Jair Bolsonaro sobre a suposta morte política do ex-presidente.

Para Fucs, mesmo que tenham tentado “lacrar o caixão” de Bolsonaro, o sucesso do ato pela democracia na Avenida Paulista deixa em evidência que ele, assim como um gato, parece ter “sete vidas”.

Embora o ex-presidente esteja inelegível e correndo o risco de ser preso, é pouco provável que os apoiadores de Bolsonaro deixem o caminho livre para que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT e seus aliados tomem conta do país, afirma o jornalista.

“A manifestação, que reuniu de 600 mil a 750 mil pessoas, segundo aSecretaria de Segurança de São Paulo (SSP), mostrou que o ex-presidente ainda tem uma popularidade e uma representatividade significativas na sociedade, inclusive nas faixas de menor renda, e um respaldo considerável no exterior, de onde vieram diversas manifestações de apoio a ele”, escreve Fucs.

Para o colunista, querer ignorar ou negar seu protagonismo no cenário político nacional, achando que basta enquadrá-lo como “golpista”, “fascista”, “nazista” e “extrema direita” para derrubá-lo, é fechar os olhos a um fenômeno cuja compreensão é fundamental para qualquer análise séria que se faça hoje da correlação de forças políticas no país.

No texto, Fucs ainda afirmou que milhares de pessoas que não podem ser consideradas como “bolsonaristas raiz” e “golpistas” também participaram do ato, “sem receber sanduíche de mortadela ou qualquer tipo de remuneração para estar presentes, como acontece, muitas vezes, em manifestações realizadas pelos sindicatos e pelo PT”.

Isso deixa em evidência que, mesmo que o ato tenha sido convocado por Bolsonaro para fazer sua defesa pública das acusações que lhe são imputadas, a manifestação acabou indo além de uma simples demonstração de apoio por parte de seu eleitorado.

Ainda que ninguém portasse faixas e cartazes com palavras de ordem, como em qualquer manifestação, num sinal evidente do nível a que chegaram a censura e a autocensura no Brasil, “não é preciso ser PhD em ciência política” para saber o que levou “essa turma toda” à Paulista, analisa o colunista do Estadão.

“Eles estavam lá para protestar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os rumos do governo petista e tudo-isso-que-está-aí, mesmo que, para muitos, Bolsonaro esteja longe, muito longe, de representar o perfil ideal para comandar o país ou liderar a direita, no sentido mais amplo do termo, daqui para a frente”, afirma Fucs.

O jornalista também diz que Lula está superestimando seu capital político e se esquecendo de que não teria sido eleito sem o apoio do frentão que reuniu as forças de centro-esquerda, de centro e até setores de centro-direita “pela democracia”, com o objetivo de derrotar Bolsonaro.

Para Fucs, ao querer impor a embolorada agenda adotada em governos anteriores do PT, que jogou o país na maior recessão de que se tem notícia, e ao ressuscitar a política externa que “passa pano” para terroristas e ditadores sanguinários, Lula está perdendo até o apoio daqueles que votaram nele de “nariz tampado” e “turbinando sua própria rejeição, que só tende a crescer se ele continuar seguindo por este caminho”.

 FONTE/CRÉDITOS: Revista Oeste

 CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Foto: Vicente Bosson/O Estadão

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