Promotores querem saber se o ex-diretor-geral da Polícia Civil do DF usou viaturas descaracterizadas destinadas ao serviço policial para interesse particular. Duas vítimas acusam o delegado de stalking
Uma das linhas da investigação será avaliar se a estrutura da Polícia Civil do DF, com viaturas descaracterizadas destinadas ao serviço policial, foram usadas em interesse particular do então delegado-geral. Também há suspeita de que subordinados de Robson Cândido tenham se envolvido na questão por determinação do chefe.
Dois promotores de Justiça do NCap estiveram na Corregedoria nesta semana para obterem informações sobre o caso. Mais dados foram requisitados. O Ncap atua na fiscalização do trabalho de policiais civis, muitas vezes em parceria com a Corregedoria da PCDF.
Nesse período de afastamento, Cândido não poderá sofrer sanções — como o afastamento das funções públicas, por exemplo. O caso, investigado pelo Correio e pela TV Brasília desde segunda-feira, traz o ex-delegado-geral no centro de uma crise dentro da estrutura da corporação, com polêmicas sobre relacionamentos pessoais e traições amorosas.
O delegado teria pedido para deixar o cargo da corporação para evitar desgastes. A esposa de Cândido, além de uma outra mulher que mantinha relacionamento com ele, registraram boletim de ocorrência, em conjunto, por stalking, contra o ex-diretor-geral na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), no último domingo. Elas chegaram a solicitar medida protetiva, mas o plantão judiciário não deferiu. Ele é investigado por crimes com base na Lei Maria da Penha.
Por isso, oficialmente, a Corregedoria da PCDF abriu dois inquéritos policiais — um para cada vítima —, além de um procedimento administrativo disciplinar. O caso, por ordem da Justiça, tramita em sigilo.
Defesa
Com o caso na Corregedoria, Cândido terá a possibilidade de se defender das acusações. Tudo teria começado quando ainda o ex-delegado-geral estava no comando da corporação. A jovem que diz ter tido um relacionamento com o delegado e, por indicação dele, conseguiu um cargo comissionado no Metrô-DF, com salário bruto de R$ 13,2 mil. O Correio teve acesso a vídeos em que a vítima supostamente se sentiu ameaçada.
No entanto, o relacionamento chegou ao fim. O delegado não aceitou e a mulher, então, passou a evitá-lo, o bloqueou nas redes sociais e no telefone celular. Ele, então, teria começado a segui-la usando uma viatura descaracterizada da PCDF. A jovem fez vários vídeos aos quais o Correio e a TV Brasília tiveram acesso. Mas ela não quis conversar com a reportagem.
A confusão maior ocorreu no último fim de semana, quando a esposa de Robson Cândido soube da suposta perseguição e decidiu se unir à ex-namorada do marido para denunciá-lo às autoridades. Elas teriam sido incentivadas por adversários políticos do ex-diretor na Polícia Civil.
Desde que pediu exoneração, Cândido tem evitado contatos públicos. A decisão de manter nomes ligados a Cândido tem o respaldo do governador Ibaneis Rocha (MDB) e do secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, como forma de manter a estabilidade na instituição neste momento.
Fonte: CB