Regras do encontro na TV Record limitaram atuação do ex-coach, ainda assim encontro foi repleto de troca de farpas entre candidatos
Em um dos poucos debates “normais” durante o primeiro turno das eleições municipais em São Paulo, o prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) foram os alvos preferenciais dos demais concorrentes.
Durante o debate da TV Record, realizado neste sábado, 28, os candidatos à Prefeitura de São Paulo tentaram, ao máximo, isolar o ex-coach Pablo Marçal (PRTB); sem espaço e contido pelas regras do debate, coube a Marçal apelar para uma espécie de ‘jejum eleitoral’.
Os candidatos também aproveitaram o encontro para fazer vários acenos ao público evangélico. A Record é controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus.
Pela primeira vez foram proibidos apelidos e referências jocosas aos postulantes ao Palácio do Anhangabaú. Sem conseguir irritar os demais candidatos com esse artifício (em determinado momento do debate, Marçal chegou a chamar Boulos de “Boules”, mas foi advertido e perdeu 30 segundos do tempo de suas considerações finais), o influenciador digital declarou que está desde segunda-feira passada em ‘jejum’ só de água para ‘tocar’ o coração do paulistano.
“São sete dias, que é o número da plenitude para você entender o quanto estou levando isso a sério. Estou me alimentando só de água”, declarou o influenciador digital.
Pelas regras do Debate, o candidato seria expulso após ser advertido em quatro oportunidades. Apenas Marçal recebeu advertência durante o evento.
Nunes vira alvo preferencial, principalmente de Marçal
Ao longo do embate, todos os candidatos criticaram a gestão Ricardo Nunes, principalmente pela falta de obras e de intervenções ao longo dos últimos anos. Marçal e Tabata associaram o emedebista ao esquema da ‘Máfia das Creches’, investigação sobre desvios de recursos da educação desencadeada pela Polícia Federal (PF).
Em um debate entre Datena e Tabata, o apresentador usou boa parte de seu tempo para sugerir indícios de irregularidades na campanha do emedebista. Em outro debate, entre Marçal e Datena, o ex-coach classificou a gestão Nunes como a “pior da história”. Datena evitou fazer essa classificação, mas declarou que “era uma das piores gestões” que ele já acompanhou como apresentador de programas de TV.
Já em outro confronto direto, Boulos questionou se o ex-presidente Jair Bolsonaro teria alguma gerência em uma eventual nova gestão Nunes. O prefeito não respondeu.
Boulos é alvo da ‘herança maldita’ do PSOL
Já Guilherme Boulos foi alvo da própria herança maldita e de seu partido. Ao longo do debate, ele foi questionado por ter livrado André Janones do Conselho de Ética da Câmara e por ter mudado sua postura quanto a temas sensíveis defendidos pelo PSOL – aborto, apoio à Venezuela e legalização do porte de drogas.
“Você nunca fez nada [como deputado federal], a não ser ir lá e liberar o Janones, que fez rachadinha. Sua única ação como político foi ter feito as ocupações e as invasões”, disse o prefeito de São Paulo, durante o primeiro embate direto com o candidato do PSOL.
“Você abriu mão de muitos posicionamentos históricos que você e seu partido defenderem veementemente. Você dizia que era a favor da descriminalização das drogas, agora é contra; dizia que era a favor da legalização do aberto, agora diz que defende a lei do jeito que está… agora mudou sua posição com reação à Venezuela, e reconhece que é uma ditadura”, declarou Tabata, também em embate direto com o parlamentar apoiado por Lula.
O Antagonista