A magreza política do PT no DF e o risco de ser sepultado após 2026

Os números da mais recente pesquisa realizada pelo Instituto Paraná, divulgada na semana passada, revelam um cenário desanimador para o PT no Distrito Federal: o partido corre o risco de ficar sem representantes no Congresso Nacional em 2026.

Esse quadro teria levado o ex-ministro e ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu, a repensar o seu futuro político, optando por disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo, abandonando os planos iniciais de concorrer pelo Distrito Federal.

O cenário para o PT em 2026 é considerado desolador. A deputada Erika Kokay, que anunciou sua candidatura ao Senado, pode ficar sem mandato, conforme os dados da pesquisa “estimulada” do Instituto Paraná.

Caso as eleições fossem hoje, Kokay amargaria o quarto lugar, com 24,0% das intenções de voto, bem atrás de sua concorrente do PDT, Leila do Vôlei, que alcançaria o terceiro lugar com 29,7%.

As duas vagas ao Senado seriam conquistadas por Michelle Bolsonaro (PL) e Ibaneis Rocha (MDB).

A fragilidade política do PT no Distrito Federal supera os momentos mais críticos desde sua primeira disputa pelo Palácio do Buriti, com Cristovam Buarque, eleito governador em 1995.

Buarque não conseguiu a reeleição em 1998, derrotado por Joaquim Roriz (MDB), após ordenar a “Operação Tornado”, da Polícia Militar, varrer violentamente mais de 300 famílias pobres e hipossuficientes na Estrutural.

A ação, marcada por violência, resultou em mortos e feridos, manchando a história da ocupação que hoje se tornou cidade.

O PT só voltou ao comando do Buriti em 2010, com Agnelo Queiroz.

Contudo, seu governo foi marcado por um lamaçal de denúncias de corrupção, crises financeiras e críticas à gestão de serviços públicos, como saúde, educação  e transporte.

Em 2014, Agnelo tentou a reeleição, mas ficou em quarto lugar, e o governo do Distrito Federal passou para Rodrigo Rollemberg (PSB), considerado o pior governador da história do DF.

Rollemberg enfrentou forte rejeição popular por ordenar a derrubada de centenas de casas em condomínios e dezenas de templos religiosos, o que contribuiu para sua vergonhosa derrota nas eleições de 2018 para o então desconhecido Ibaneis Rocha (MDB).

Apesar de historicamente manter uma representação sólida na Câmara Legislativa, no Congresso Nacional, o PT teve conquistas limitadas.

Desde a sua criação no DF, o partido elegeu apenas um senador, Cristovam Buarque, em 1994, com mandato de 1995 a 2002 (47ª e 48ª Legislaturas).

Buarque permaneceu no PT até 2005, quando deixou o partido, xingando de tudo quanto era nome o presidente Lula. Ele bateu asas e se filiou ao PDT, onde concluiu o mandato.

Na Câmara dos Deputados, o PT mantém uma presença consistente, mas restrita, com Erika Kokay como única representante eleita com quatro mandatos consecutivos até 2026. Antes, teve dois mandatos de deputada distrital.

Embora o PT sinalize a intenção de lançar candidatura própria ao governo do Distrito Federal, nenhum nome do partido apareceu no levantamento do Instituto Paraná.

Cogita-se o distrital Chico Vigilante, mas ele demonstra pouco entusiasmo para enfrentar o desafio e perder o seu lugar cativo na Câmara Legislativa.

Em resumo, se as eleições fossem hoje, conforme os indicadores da pesquisa, o PT perderia a disputa pelo Senado com Erika Kokay, não elegeria deputados federais e encolheria literalmente na Câmara Legislativa.

O sonho de retomar o comando do Buriti, por enquanto, permanece apenas um sonho.

Fonte: RadarDF

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