Proposta foi aprovada na Câmara e segue para análise do Senado; parlamentares afirmam ter cedido a pressões para votar a favor do texto
Ao menos quatro deputados utilizaram as redes sociais para pedir desculpas pelos votos a favor da chamada PEC da Blindagem, que protege parlamentares contra a abertura de processos penais no Supremo Tribunal Federal (STF). A proposta foi aprovada na Câmara em dois turnos: 353 a 134 e 344 a 133, e agora segue para análise do Senado, onde deve enfrentar resistências.
No Instagram, a deputada Silvye Alves (União Brasil-GO) classificou o voto a favor da PEC como um “erro gravíssimo”. Ela afirmou que “pessoas influentes do Congresso” a pressionaram para mudar de posição.
“Eu fui covarde e cedi à pressão, por volta de quase 23h, eu mudei meu voto […]. Eu quero pedir perdão”, disse a parlamentar. Silvye também anunciou que deixará a legenda assim que abrir a janela partidária em 2026.
“Grave equívoco”
O deputado Merlong Solano (PT-PI) afirmou que seu voto a favor da PEC foi um “grave equívoco” e pediu desculpas aos eleitores do Piauí e ao PT.
Segundo ele, a decisão visava “preservar o diálogo” entre o PT e a presidência da Câmara, ocupada por Hugo Motta (Republicanos-PB).
“Meu objetivo era ajudar a impedir o avanço da anistia e viabilizar a votação de pautas importantes para o povo brasileiro”, disse Merlong, citando, por exemplo, a isenção do Imposto de Renda.
Apesar da tal estratégia alegada pelo petista, a PEC foi aprovada e a votação do projeto de anistia para condenados pelo 8 de Janeiro seguiu adiante, podendo beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Esse esforço não surtiu efeito. O acordo político foi rompido e a votação da PEC ocorreu sob sérias irregularidades, incluindo a reintrodução do voto secreto”, disse o deputado.
“PEC passou do jeito que não queríamos”
Já o deputado Pedro Campos (PSB-PE), irmão do prefeito do Recife, João Campos, disse que votou a favor da PEC para evitar boicotes a pautas importantes do governo Lula, como a ampliação da tarifa social de energia e a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil.
“A PEC passou do jeito que nós não queríamos, inclusive com a manobra para voltar o voto secreto que já tínhamos derrubado”, afirmou.
Segundo Campos, a bancada tentou barrar pontos considerados abusivos, como a exigência de autorização para a Polícia Federal investigar parlamentares, mas a votação ocorreu de forma diferente do planejado.
“A decisão de apoiar o adiamento da discussão foi tomada em diálogo com a bancada […] numa tentativa de manter abertas pontes para que fosse derrubada a Anistia”, disse.
Campos disse que também assinou mandado de segurança para tentar anular a votação.
Thiago de Joaldo (PP-SE) também se manifestou nas redes sociais e afirmou que “vergonha é insistir no erro; coragem é assumi-lo de frente e lutar para consertar”.
A Proposta de Emenda à Constituição já chegou ao Senado e foi encaminhada para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), anunciou que a bancada votará contra o texto. O MDB tem 12 senadores.
O Antagonista



