É fundamental que ocorra uma punição severa a Lula após seu claro apoio a Boulos para a Prefeitura de São Paulo
O 1º de maio representou uma chance para a Justiça Eleitoral demonstrar que as declarações de favoritismo à esquerda, feitas pela direita, não têm fundamento.
Há uma percepção de que algumas decisões das cortes superiores são influenciadas mais por interesses políticos do que pela lei. A direita, principalmente, se ressente de que as decisões favorecem o governo e prejudicam a oposição, uma suspeita que ganha mais adeptos que rejeitam tanto o petismo quanto o bolsonarismo.
Por outro lado, há justificativas de abusos, como censuras no inquérito das notícias falsas, que seriam para proteger a democracia de ataques antidemocráticos de Bolsonaro.
Num momento em que muitos acreditam numa “ditadura do Judiciário”, é essencial que a Justiça não apenas seja justa, mas também pareça justa. Eventos questionáveis, como a participação em um evento em Londres financiado por uma empresa com processos no STF, não são bem vistos.
Agora, a Justiça Eleitoral tem a oportunidade de dissipar essas dúvidas, já que Lula, aparentemente, violou a lei ao endossar Guilherme Boulos antes do período permitido para campanha eleitoral. Lula foi explícito: “Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. E eu vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula… tem de votar no Boulos”, declarou no palanque.
Os defensores de Lula alegam que ele estava apenas exercendo sua liberdade de expressão. No entanto, se isso justifica suas ações, seria o mesmo para Bolsonaro, que criticou o sistema eleitoral e perdeu seus direitos políticos? A liberdade de expressão não deve servir para encobrir infrações.
As deliberações para tais infrações são mínimas, como multas, o que afeta pouco Lula financeiramente. Seria exemplar também a devolução dos recursos públicos usados indevidamente no evento, como fundos da Lei Rouanet e recursos da Petrobrás.
Se nenhuma ação pela justiça for tomada ou se as punições forem brandas, os bolsonaristas terão mais argumentos para sustentar que são vítimas e o crédito da Justiça Eleitoral irá ficar seriamente abalado.
Contudo, enfraquecer a democracia para salvá-la é um paradoxo preocupante.