A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia ganhou o livro Amazônia, do fotógrafo Sebastião Salgado, e uma imagem de Nossa Senhora do cantor Thullio Milionário, famoso pela música Casca de Bala, no amigo secreto do Fantástico. Uma decisão de Flávio Dino (ao centro na foto) nesta segunda-feira, 23, deixou no ar que há mais presentes sendo dados em Brasília a cascas de bala, e que o Congresso Nacional ficou de fora da brincadeira.
Dino, que foi indicado por Lula (à direita na foto) ao STF sob elogios por ter a “cabeça política”, determinou a suspensão dos pagamentos de 4,2 bilhões de reais em emendas parlamentares de comissão e instruiu a Polícia Federal a instaurar um inquérito para investigar a questão.
Timing
A decisão de Dino, que destaca a “degradação institucional” causada por “malas de dinheiro sendo apreendidas em aviões, cofres, armários ou jogadas por janelas, em face de seguidas operações policiais e do Ministério Público”, está revestida de boas intenções.
Mas o problema não é exatamente o zelo do ministro pela transparência no gasto público, o que é louvável. A questão é que a resposta do ex-ministro da Justiça de Lula veio apenas depois de o governo do petista conseguir aprovar o pacote de corte de gastos no Congresso, o que só ocorreu graças à liberação das emendas.
Essa articulação do governo no Congresso, que envolveu também a finalização da reforma tributária, só pôde ser iniciada porque Dino decidiu liberar, sob algumas condições, as emendas parlamentares, bloqueadas por ele desde agosto, em 2 de dezembro, bem a tempo de viabilizar os esforços do governo Lula no parlamento.
“Toma volta para deixar de ser otário!”
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), da oposição a Lula, resumiu assim a história:
Casca de bala
Em agosto, o ministro autorizou o governo federal a emitir créditos extraordinários, fora da meta fiscal, para o combate aos incêndios no país. A decisão foi tomada em acórdão de ações apresentadas em 2020 e 2021, nas quais partidos de esquerda cobravam medidas do governo Jair Bolsonaro para conter queimadas no Pantanal e na floresta amazônica.
É possível ouvir a melodia do hit vindo do Palácio do Planalto e do gabinete de um ministro do STF, mas não tem ninguém cantando no Congresso, onde o Orçamento do próximo ano, que ainda não foi aprovado, já se apresenta como o próximo problema para o governo Lula.
Fonte: Blog do BG