Lupi sabia, Lewandowski desconversa, e Lula segue calado: afinal, quem defende dona Ezimar?

O Brasil assiste a um escândalo sem precedentes: a fraude bilionária dos descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. Fala-se em R$ 2,6 bilhões desviados apenas em 2023. O governo Lula, em lugar de agir de forma ética e enérgica, optou pelo negacionismo e pelo jogo de empurra. Como sempre. O ministro da Previdência de Lula, Carlos Lupi, chegou a afirmar que a tal “roubalheira sempre existiu” e que a culpa seria de governos anteriores. Os dados, porém, são claros: se sempre houve fraude no INSS, nunca antes na história desse país foi tão escrachada e volumosa. E o pior: Lupi admitiu que sabia da fraude, mas não fez o que era necessário para que fosse combatida.

Exemplo dessa omissão é o drama da dona Ezimar Vieira, de Brasília, que nos procurou na Câmara dos Deputados. Diagnosticada com câncer de tireoide e já tendo sido submetida anos atrás à cirurgia de câncer de intestino, apresentou-nos o contracheque com o desconto de quase R$ 80 mensais, desviados para um sindicato de São Paulo do qual nunca ouvira falar. Quando buscou ajuda na agência do INSS, ouviu que não havia o que fazer. “Não é que não consigo comprar meus remédios. Às vezes não consigo comer!”, disse, entre lágrimas copiosas de quem precisa admitir uma realidade constrangedora. De cortar o coração!

A cada dia que o governo Lula deixa de dar respostas aos escândalos que cria, cresce a indignação dos brasileiros. A cada aposentado lesado, confirma-se o desrespeito do governo petista com quem mais precisa. Se o Brasil fosse um país minimamente sério, Carlos Lupi já teria sido demitido

Já o ministro Carlos Lupi, mesmo sabendo da situação por que passavam milhões de brasileiros como Ezimar, disse, como justificativa para sua inação, que tinha preferido esperar pelo envio de “documentos” para fazer alguma coisa. Esperou por sabe se lá que burocracias enquanto aposentados doentes como dona Ezimar eram lesados.

E o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski? Em audiência na Câmara dos Deputados, questionei-o sobre seu diretor-chefe da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues: por que o delegado deu entrevista a um meio de comunicação afirmando que a entidade Sindnapi – cuja diretoria é composta pelo irmão de Lula, Frei Chico – não estaria sendo investigada? A investigação não estava em sigilo? Como ele teve acesso e por que motivo publicava informações a seu respeito? Foi para defender o Frei Chico e seu irmão, Lula?

Pior do que a entrevista foram os fatos que vieram à tona, graças ao trabalho de fiscalização da bancada do Novo na Câmara. O sindicato do irmão de Lula foi possivelmente um dos maiores beneficiados do suposto esquema. Os números falam por si: a entidade, que recebia R$ 23 milhões em descontos nos contracheques de associados em 2020, recolheu R$ 154 milhões no ano passado. A pergunta é simples: se este sindicato não está sendo investigado ainda, seria por prevaricação da autoridade policial? Acionamos o Tribunal de Contas da União (TCU) e entreguei a documentação pessoalmente ao ministro Lewandowski em sua ida à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (29).

A cada dia que o governo Lula deixa de dar respostas aos escândalos que cria, cresce a indignação dos brasileiros. A cada aposentado lesado, confirma-se o desrespeito do governo petista com quem mais precisa. Se o Brasil fosse um país minimamente sério, Carlos Lupi já teria sido demitido ou entregado seu cargo. E, nesse caso, Lewandowski, em lugar de ocupar a cadeira de ministro da Justiça, teria muito a explicar à Justiça – inclusive sobre o fato de seu filho ser advogado de uma das bancas que defende um dos sindicatos investigados.

O Partido NOVO apresentou um projeto de lei para exigir a revisão anual e a obrigatoriedade de biometria nos convênios com entidades sindicais. Além disso, também apresentamos um projeto proibindo o desconto em folha dessa mensalidade sindical, utilizada na verdade para desviar recursos de velhinhos e velhinhas, deficientes físicos e outros beneficiários do INSS, para os bolsos de ladrões inescrupulosos. Exigimos urgência na votação desses projetos. Exigimos respeito com o dinheiro dos brasileiros. E exigimos justiça: que os responsáveis por mais essas roubalheiras sejam investigados, punidos e que devolvam o dinheiro roubado de dona Ezimar e das milhões de vítimas que fizeram Brasil afora.

Por Marcel Van Hattem – Deputado Federal – Via Gazeta do Povo

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