Roubo de armas de guerra: Exército se atrapalha no mundo virtual, e apaga informação comprometedora

O Exército Brasileiro anunciou nesta sexta-feira, 13 de outubro, que armas de grosso calibre foram roubadas de uma instalação militar de Barueri. As autoridades confirmaram que na lista de material roubado estão pelo menos 21 armas, sendo 13 delas de calibre .50 e 8 de calibre 7.62. 

Em nota, o Comando Militar do Sudeste declarou que as armas não estavam em condições de uso, mas não esclareceu se poderiam ser reparadas, podendo assim significar um perigo ainda maior para a sociedade:

“Os armamentos são inservíveis e estavam no Arsenal, que é uma unidade técnica de manutenção, responsável também por iniciar o processo de desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.

O Comando Militar do Sudeste afirmou ter instaurado um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias do fato.

O Exército descreveu a ocorrência como “uma discrepância no controle” das armas e disse ter tomado todas as providências para investigar o caso.

De acordo com informações do jornal O Globo, uma metralhadora do tipo custa em torno de R$150 mil no Paraguai. Já no mercado clandestino, o valor pode dobrar.

Dois dias antes, em 11 de outubro, o EBlog (Blog do Exército) publicou um artigo intitulado “O que o Exército busca com seus perfis nas mídias sociais?”. O texto segue o padrão de quase todos publicados pelo veículo, correção gramatical impecável e uma incorrigível autoveneração institucional quase onipresente.

Algumas afirmações merecem ser pinçadas no contexto do mais recente roubo de armas:

  1. Com mais de 12 milhões de seguidores em suas plataformas, a Instituição desponta como importante “player” digital público no Brasil.
  2. Ao identificar informações falsas ou enganosas que estão circulando nas mídias sociais, o Exército pode tomar medidas rápidas para desmenti-las e fornecer informações mais precisas e verificadas. Isso, não apenas protege a segurança nacional, mas também ajuda a construir uma imagem de confiabilidade e credibilidade para a Instituição.
  3. Em tempos de “caçadores de likes”, a autenticidade e a responsabilidade emergem como os pilares da comunicação genuína.

Um dia após o roubo das metralhadoras, em 14 de outubro, a Revista Sociedade Militar exibiu vídeos divulgados pelo próprio Exército no canal do Youtube do Comando Militar do Sul, que forneciam instruções detalhadas sobre como se fazer a calibragem, a manutenção e a utilização da metralhadora Browning calibre .50.

 

No mesmo dia, à noite, os vídeos foram retirados da plataforma. Até o momento da publicação pela RSM, mais de 500 pessoas curtiram os vídeos que explicavam didaticamente aos mais de 34.700 assinantes do canal do CMS como manejar e reparar um armamento usado em contexto de guerra, e que foi furtado do arsenal de uma organização militar em Barueri.

Em torno de 480 militares estão aquartelados depois do furto 21 de metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, localizado em Barueri, na Grande São Paulo.

Como citado no texto publicado “o Exército tomou medidas rápidas para desmentir” uma informação crucial. A informação de que a própria instituição, queremos crer que por descuido, ao contrário do que o próprio EB prega, pode ter ajudado a compromenter a segurança nacional possivelmente “à caça de likes”

Revista Sociedade Militar

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