A JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, voltou ao centro de uma investigação da Polícia Federal (PF), agora relacionada a um suposto esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). A companhia é suspeita de envolvimento em irregularidades em repasses de R$ 15 milhões para a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, esposa do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso em novembro de 2023.
Segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os repasses milionários da JBS para Mirian foram considerados suspeitos. Entre os valores investigados, há pagamentos de R$ 11,5 milhões e R$ 4,6 milhões ao escritório da advogada em junho de 2023. Parte desse montante foi transferida para Aline Gonçalves de Sousa, esposa do desembargador do TRF1, César Jatahy. Aline recebeu R$ 938 mil de Mirian no mesmo período.
Aline afirmou ao UOL que foi contratada por Mirian para atuar em um processo judicial e que os honorários recebidos correspondem a serviços prestados. Ela não esclareceu se a contratação envolveu casos no TRF1, onde seu marido é desembargador.
Mirian representa clientes em pelo menos 15 processos no TRF1, mas nenhum sob a relatoria de Jatahy. A JBS e a advogada alegam que os repasses se referem a honorários advocatícios. No entanto, o relatório do Coaf apontou inconsistências, indicando que os valores movimentados superam sete vezes a capacidade financeira declarada da beneficiária.
Mensagens de celular citadas na investigação revelam que Andreson Gonçalves mencionou o faturamento de R$ 19 milhões por atuação junto à holding controladora da JBS, a J&F. Mirian também advogou em processos da J&F no Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 2020. A PF apontou 14 processos suspeitos de corrupção e vazamento de informações no STJ na operação que levou à prisão do lobista.
A JBS afirmou, em nota, que todos os pagamentos realizados foram referentes a honorários advocatícios, com comprovação documental nos autos dos processos. O escritório de Mirian Ribeiro Rodrigues não presta mais serviços para a empresa.
Fonte: Jornal Opção