O líder da oposição na Câmara dos Deputados, deputado Zucco (PL-RS), protocolou uma moção de repúdio contra o líder do governo, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). A iniciativa acusa o parlamentar petista de utilizar requerimentos de forma “abusiva” com o objetivo de perseguir politicamente a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Recentemente, Lindbergh iniciou a coleta de documentos para desgastar a imagem da ex-primeira-dama em resposta às críticas da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à atual primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. O petista pretende compilar um dossiê anti-Michelle.
Segundo Zucco, a postura de Lindbergh reforça uma “vingança” em resposta aos pedidos de investigação da oposição envolvendo a atual primeira-dama Janja. A moção, assinada pelos vice-líderes da oposição, denuncia um suposto uso dos mecanismos legislativos para “desviar a atenção” das irregularidades do governo Lula.
Em declaração, Zucco afirmou que a estratégia de Lindbergh consiste em criar uma “cortina de fumaça” para ocultar problemas enfrentados pelo governo, como questões econômicas e denúncias de corrupção. O documento alega que os requerimentos apresentados pelo petista não possuem fundamentação concreta e referem-se a fatos já investigados anteriormente, sem evidências de ilegalidade.
A moção de repúdio também critica a prática de “instrumentalizar” o poder legislativo para perseguições políticas, comparando a atuação de Lindbergh ao fenômeno de “weaponization” nos Estados Unidos – termo utilizado para descrever o uso de instituições estatais como armas de intimidação política.
Oposição pressiona por investigações contra Janja
Além da moção de repúdio, a oposição intensificou os questionamentos sobre os gastos públicos ligados à primeira-dama Janja. Na última quarta-feira (6), os parlamentares protocolaram um requerimento no Tribunal de Contas da União (TCU) cobrando explicações sobre um contrato sem licitação de R$ 478 milhões firmado entre o governo federal e a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). A entidade também recebeu R$ 98 milhões em doações, parte dos quais teria sido retirada de programas voltados à educação básica e escolas em tempo integral.
Outro ponto levantado pela oposição envolve os gastos relacionados ao festival Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, apelidado de “Janjapalooza”. Empresas estatais brasileiras desembolsaram até R$ 83,45 milhões para financiar o evento, por meio de um acordo com a OEI.
Diante dessas suspeitas, a oposição lançou o chamado “Pacote Anti-Janja”, uma série de requerimentos destinados a apurar possíveis irregularidades no uso da máquina pública em benefício da primeira-dama.
MPF apura sigilos no Governo Lula
Em paralelo às iniciativas parlamentares, o Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito civil para investigar a imposição de sigilos de 100 anos por parte do governo Lula. A investigação, conduzida pela Procuradoria da República no Distrito Federal, busca esclarecer as razões pelas quais informações relacionadas ao número de assessores de Janja estão sob sigilo.
Os procuradores pretendem averiguar se houve irregularidades na decretação de sigilo e se o governo tem ocultado informações que, pela legislação de transparência, deveriam ser de acesso público.
Para a oposição, as investigações e requerimentos são essenciais para garantir a transparência e a fiscalização dos atos do governo, em contraste com o que classificam como tentativas do líder governista de desviar o foco das denúncias envolvendo a atual gestão.
Gazeta do Povo