Novo ministro de Lula destinou R$ 30 mi em emendas a cidade governada por seu pai, revela UOL

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA), escolhido para assumir o Ministério das Comunicações no governo Lula, direcionou cerca de R$ 30 milhões em emendas parlamentares para o município de Arame (MA), onde seu pai, Pedro Fernandes (União), exerce o cargo de prefeito. A revelação foi feita em uma reportagem exclusiva da colunista Natália Portinari, do UOL.

Conforme a colunista, os repasses foram indicados desde 2020, majoritariamente destinados a obras de pavimentação, e executados pelos Ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional e das Cidades. A cidade beneficiada, Arame, possui pouco mais de 25 mil habitantes e está sob gestão de Pedro Fernandes, ex-deputado federal pelo Maranhão e pai do parlamentar.

Segundo a coluna, “Arame recebeu R$ 5,7 milhões em emendas de relator, além de R$ 20 milhões entre 2023 e 2024 com emendas de comissão indicadas por Pedro Lucas, e R$ 4,5 milhões em emendas individuais impositivas do deputado. Ao todo, foram R$ 30,2 milhões.”

Essas emendas incluem valores oriundos do chamado orçamento secreto, prática declarada inconstitucional pelo STF devido à falta de transparência. Pedro Lucas foi, ainda conforme a reportagem, o deputado que mais direcionou recursos para o Maranhão por meio dessas emendas durante o governo de Jair Bolsonaro. Ele “enviou R$ 104,7 milhões para seu estado” via emendas de relator, enquanto liderava o PTB.

A reportagem destaca também que Pedro Lucas foi o 13º deputado que mais indicou recursos via emendas de relator em todo o país e o primeiro no Maranhão. As chamadas emendas de comissão, que substituíram temporariamente as emendas de relator, funcionaram de forma similar, “sem transparência”, o que também levou à suspensão de sua execução pelo Supremo Tribunal Federal.

De acordo com a colunista, “Pedro Lucas tem 45 anos e é deputado desde 2019. Antes disso, foi vereador em São Luís (MA) e presidiu a Agem (Agência Executiva Metropolitana) por indicação do então governador Flávio Dino.”

Sua indicação ao ministério conta com o apoio do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A escolha já era cogitada desde que se ventilava uma possível denúncia contra Juscelino Filho, antecessor no ministério.

Como mostra a coluna, “Pedro Lucas foi o segundo deputado mais votado do Maranhão em 2022, com 159,7 mil votos, 43% a mais do que havia recebido em 2018.”

A substituição de Juscelino Filho, denunciado por corrupção pela PGR, provocou uma reacomodação interna no União Brasil. A cúpula do partido pretende que Juscelino reassuma uma posição de liderança na Câmara, mas essa movimentação encontra resistência entre parlamentares da legenda. Segundo a colunista, “a bancada está rachada entre os deputados mais governistas e aqueles que preferem desembarcar do governo e ficar na oposição.”

Apesar do anúncio oficial feito pelo Palácio do Planalto, Pedro Lucas ainda deve se reunir com os deputados do União Brasil antes de formalizar decisões sobre a liderança da bancada. A própria liderança da sigla declarou, em nota, que o futuro ministro “ouvirá os deputados e deputadas da bancada antes de tomar qualquer decisão.”

A posse de Pedro Lucas está prevista para depois da Páscoa, como informou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Procurado pela reportagem do UOL, “Pedro Lucas não respondeu aos contatos feitos por mensagem e por meio de sua assessoria de imprensa até a publicação da matéria.” O portal reforçou que o espaço segue aberto para manifestação do parlamentar.

Essa movimentação ocorre em meio à intensificação dos debates sobre transparência na destinação de verbas públicas e à crescente vigilância sobre a atuação de parlamentares em benefício de seus redutos eleitorais — especialmente quando esses se cruzam com interesses familiares diretos. (Foto: Ag. Câmara)

Direita Online

Continue Lendo

ÚLTIMAS