Livro, que narra em primeira pessoa a história do craque, foi escrito pelo jornalista Ulisses Neto e lançado na semana passada
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“Eu não sou maluco, presidente. Com todo o respeito. Por que vocês estão querendo me mandar para um manicômio?”
Foi essa a frase que Adriano Imperador, hoje com 42 anos, disse à diretoria da Internazionale de Milão quando lhe foi oferecida uma internação em uma clínica de reabilitação na Suíça, diante da forte depressão enfrentada pela estrela da equipe.
“O que está acontecendo com você não é motivo de vergonha, já aconteceu e acontece com muita gente. Gostaríamos de te mandar para um lugar muito especial, com discrição absoluta”, falou Massimo Moratti, então mandatário do clube, ao atleta.
Era 2006 e a morte do pai de Adriano desencadeou um declínio na carreira do talentoso jogador que culminou na pífia e criticada participação na Copa daquele ano, vencida pela Itália.
As declarações fazem parte do livro Adriano – Meu Maior Medo (R$ 99,90; 504 págs.; editora Planeta). Lançada nesta semana e narrada em primeira pessoa pelo ídolo do Flamengo, a biografia foi escrita pelo jornalista Ulisses Neto a partir de relatos do atleta.
“Você sabe o que é ser uma promessa? Eu sei. Inclusive uma promessa não cumprida. O maior desperdício do futebol: eu. Gosto dessa palavra, desperdício. Não só por ser musical, mas porque me amarro em desperdiçar a vida. Estou bem assim, em desperdício frenético”, desabafa o esportista, em certo trecho.
Você sabe o que é ser uma promessa? Eu sei. Inclusive uma promessa não cumprida
Chamado de Imperador pela torcida da Inter, o atleta de qualidade ímpar se envolveu em uma lista de polêmicas igualmente singular: enfrentou alcoolismo, depressão, vícios e teve relacionamentos turbulentos — marcados, por exemplo, pelo episódio em que Joana Machado, então sua noiva, atacou Adriano e seus amigos com pedras ao flagrá-los uma festa íntima.
“Por que uma pessoa como eu chega ao ponto de beber quase todos os dias? Não gosto de dar satisfação para os outros. Mas aqui vai uma: não é fácil ser uma promessa que ficou em dívida”, fala, em outro excerto.
Menino da favela
Nascido na Vila Cruzeiro, comunidade pobre do Rio de Janeiro, Adriano começou a carreira nas categorias de base do Rubro-Negro, estreou na seleção brasileira aos 18 anos e foi contratado pela Inter de Milão, na Itália, onde ganhou o apelido de Imperador.
“Me chamam de Imperador. Imagina isso. Um cara que saiu lá da favela para ganhar o apelido de Imperador na Europa. Quem explica, cara? Não entendi até hoje”, diz ele nas memórias.
Imagina isso. Um cara que saiu lá da favela para ganhar o apelido de Imperador na Europa. Quem explica, cara?
Orgia com 18 mulheres
O jogador ainda dá detalhes de uma ida nababesca a um motel acompanhado de 18 mulheres.
“Coloquei meu roupão, pedi o meu uísque e comecei a relaxar. Virei para a rapaziada e decretei: ‘Hoje vou levar todo mundo. Hoje vai ser festival do Adriano no Vips”, disse, referindo-se ao motel localizado na avenida Niemeyer, em São Conrado.
“Mandei mensagem para uns conhecidos e organizei a zona. Não estou exagerando. Chamei 18 garotas para três caras. Um dos guerreiros se apaixonou e ficou com uma mina a noite toda. Sobraram 17 para dois, mas eu sempre gostei de jogo grande. Nunca me intimidei com os desafios da vida”, conta.
E por aí vai: o livro é uma surra descarada de franqueza.
Mandei mensagem para uns conhecidos e organizei a zona. Não estou exagerando. Chamei 18 garotas para três caras