Claro que nenhum brasileiro deveria comemorar um aumento de impostos sobre os produtos que exportamos. A situação do país, com o PT de novo na Presidência, é péssima, e uma medida como a anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, só aumenta as dificuldades. O que é preciso ter em mente é que a culpa por tudo isso recai sobre a aliança engendrada a partir de 2019 entre o STF e o partido de Lula. O “império do Judiciário” nunca engoliu Jair Bolsonaro e acabou se juntando ao petista para impor ao Brasil uma tirania que o país nunca tivera.
Lula sempre faz tudo errado, e conscientemente. Já na época da campanha presidencial norte-americana, no ano passado, resolveu abrir mão do equilíbrio tão necessário e apoiou a candidata democrata Kamala Harris. Fez mais: ele disse que uma possível vitória de Donald Trump representaria “a volta do fascismo e do nazismo com outra cara”. Se a música dos Paralamas, que envelheceu tão mal, dizia “Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou”, agora o que não faltou foram avisos muito claros dados por Trump. Lula preferiu não levar a sério.
O petista trabalhou duro para incorporar ao Brics mais ditaduras, autocracias e até a teocracia iraniana. E tem se empenhado em fazer do bloco, essencialmente, um agrupamento contra os Estados Unidos, contra Israel, contra os valores ocidentais. Trump fez um alerta, mais um, mas Lula, que se compara a Deus e acha que vence, não deu a mínima. E toca a fazer discurso contra o uso do dólar em transações comerciais entre países do Brics, e toca a criticar o ataque americano que terminou com a guerra entre Israel e Irã. E toca a chamar Israel de Estado genocida… Cala a boca, Lula! E ele não calou.
A culpa pela decisão de Trump é de quem colocou uma ideologia desgraçada acima de tudo, agredindo um aliado histórico brasileiro em vez de buscar uma negociação
Então, vieram as publicações feitas por Trump em apoio a Jair Bolsonaro, definindo corretamente o julgamento do ex-presidente no STF: “É uma caça às bruxas, é uma vergonha internacional”. Lula e ministros do Supremo deram risadinhas… A tirania estava fechada e se achava inatingível. Pois bem, em reação a isso tudo, o presidente americano puxou seu primeiro trunfo. Ele mandou uma cartinha para Lula, anunciando que os produtos do Brasil exportados para os Estados Unidos passarão a ter a maior tarifa entre as 22 nações que já receberam de Trump um documento similar: 50%.
Lula deu chilique, disse que “não aceitará ser tutelado por ninguém”. E afirmou que “o processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência”. O petista é mesmo uma graça. Ele reclama do apoio de Trump a Bolsonaro, que foi incluído num julgamento fajuto, mas há poucos dias estava na Argentina ao lado da ex-presidente do país Cristina Kirchner, assim como ele, condenada por corrupção. “Cristina libre” era o que estava escrito na plaquinha que Lula segurou numa foto. A peronista foi julgada dentro do devido processo legal, com amplo direito à defesa, e acabou condenada a seis anos de prisão, em última instância, pela Suprema Corte. E Lula acha mesmo que seu apoio a ela não é uma agressão à soberania da Justiça argentina…
Tem muita gente por aí atacando Trump e “defendendo a soberania brasileira”, cujo conceito, pelo jeito, é também relativo. Os hipócritas estão de novo descontrolados… A ex-senadora Kátia Abreu, que em 2021 queria se deitar no chão para ser pisoteada pela China, agora se recusa “a crer que Trump teve a ousadia” de combater a tirania que a turma dela impôs ao Brasil. Felipe Neto está chamando de traidor quem pelo menos compreende a decisão de Donald Trump sobre as exportações brasileiras. Logo ele, que, quando Bolsonaro era presidente, fez apelos desesperados a uma política democrata americana… O imitador de focas queria que Joe Biden e Kamala Harris, à frente do governo americano na época, “socorressem o Brasil, porque Bolsonaro estava matando todo mundo”…
Em maio deste ano, em evento em Nova York, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, confessou que, quando estava à frente do TSE, pediu a interferência dos Estados Unidos em eleições no Brasil: “Eu mesmo estive com o encarregado de negócios americanos muitas vezes, mas em três vezes eu pedi declarações dos Estados Unidos de apoio à democracia brasileira, uma delas no próprio Departamento de Estado, e acho que isso teve algum papel”. E Lula não fica atrás. Ele voltou todo feliz de uma visita à China, dizendo que o ditador Xi Jinping tinha aceitado enviar alguém para ajudar o Brasil a censurar as redes sociais.
Todo mundo tem de saber de quem é a culpa pela decisão de Trump. É de quem colocou uma ideologia desgraçada acima de tudo, de quem prestigiou ditaduras, de quem agrediu um aliado histórico brasileiro, a maior potência mundial, em vez de buscar uma negociação. A culpa é daqueles que ignoram a boa diplomacia, querem eliminar opositores, e promovem perseguições, a censura, e são dados a provocações baratas e ódio visceral. Contra esses, diante da cumplicidade do Congresso Nacional, os movimentos que vêm dos Estados Unidos devem ser entendidos como necessários. E vamos incluir aí as prováveis sanções da Lei Magnitsky e as consequências do caso Filipe Martins, que teve uma entrada falsa nos Estados Unidos registrada no sistema de controle americano.
A turma que está falando em soberania brasileira não representa absolutamente o sentimento verdadeiramente patriótico e não defende nada que preste, nada. Tudo para eles é relativo: a soberania, a democracia, o golpismo, o socialismo, o comunismo, o liberalismo, o conservadorismo, a liberdade de expressão, a justiça, o certo, o errado. Tudo o que essa gente detestável quer é a soberania do crime, da corrupção, do terrorismo, a soberania do abismo, da nefasta aliança entre STF e PT. Essa corja fala em “ataque à soberania brasileira”, mas faz parte de uma aliança que acabou com a única soberania capaz de nos conduzir pelo caminho correto: a soberania do povo.
Luís Ernesto Lacombe
Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV. Escreve na Gazeta do Povo às quintas-feiras. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.