O ditado popular de que “aqui se faz, aqui se paga” significa que as consequências de nossas ações voltam para nós. A ideia de que o que fazemos de mal volta para nós está presente em vários ditados e provérbios. E não há escapatória para a Justiça Divina na Lei da Semeadura.
A aprovação do parecer do Conselho de Ética da Câmara Federal pela cassação do mandato do deputado Psolista Glauber Braga foi só um exemplo de que nessa terra temos que ter cuidado com todas as nossas ações, sejam boas ou más, sob risco de sermos os únicos responsáveis pelas consequências e resultados advindo delas.
Trecho do Relatório do Conselho de Ética dizia: “Com efeito, não é de hoje que o deputado Glauber Braga vem agindo com total desrespeito em relação a esta Casa e aos deputados que a compõem. Seu tom belicoso e ultrajante ultrapassa, em muito, os limites do embate político aceitável. (…) A escalada desse comportamento agressivo lamentavelmente culminou com a violência física, como se constatou nesse processo”. Glauber não teve cuidado em observar isso.
Glauber reclamou, chorou, esperneou, até iniciou uma greve de fome e hoje (10) promoveu um ato ecumênico com a presença religiosos de matriz evangélica (reverenda Tati Ribeiro), católica (freis David Raimundo Santos e Sérgio Görgen) e afro (com a mãe de santo Baiana), tudo com o objetivo de convencer seus pares que irão apreciar o relatório final do Conselho de Ética — que por 13 votos a 5 — aprovou sua cassação.
Dos 513 deputados, se 257 optarem por concordar com o parecer do Conselho de Ética, em plenário, Braga vai pra casa de mala e cuia, sem choro e sem vela.
Sua esposa, a também deputada Psolista Sâmia Bonfim, até tentou expor uma justificativa dizendo que “Isso se trata de uma perseguição completamente desproporcional. Esse processo não se trata da reação que Glauber teve àquele provocador do MBL. Não se trata disso. São forças poderosas que atuam sobre a política brasileira que estão atrás”. Era seu direito e dever defender seu marido, que teve todo direito à ampla defesa e ao contraditório.
Em fevereiro, logo após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, Sâmia fez um discurso acalorado no Plenário da Câmara pedindo punição exemplar a Bolsonaro, como a prisão, mesmo antes da tramitação do processo do direito ao réu da ampla defesa e do contraditório. “Ele tem que ser preso, exemplarmente, junto com Braga Netto, que tem que apodrecer naquele lugar”, foi um dos trechos de seu discurso.
Glauber Braga se defendeu como pôde, inclusive acusando (sem provas) que houve intervenção específica de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara e com quem teve desavenças em plenário, para que isso acontecesse e o prejudicasse.
A situação está muito complicada e adversa para os Psolistas. Dificilmente Glauber se livrará de uma cassação, a não ser que os 513 parlamentares que o julgarão no plenário concordem que a “Casa do Povo” continue a ser uma “Casa da Mãe Joana” onde quem deveria dar o exemplo são os primeiros a ultrapassarem a barreira da ética e do respeito.
**Por Jorge Poliglota, jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília