Escrevendo essa coluna me lembrei de outro defeito insanável de Lula: as mentiras. Mas já tomei bastante tempo do leitor. Fica para a próxima
Luiz Inácio Lula da Silva, a sedizente alma mais honesta do Brasil, tem muitos defeitos. Tudo certo, afinal, ainda que se compare a Deus com relativa frequência e afirme que é uma “ideia”, é um ser humano como todos nós.
Dos muitos defeitos do chefão petista, a partir da entrevista que deu nesta quinta-feira, 6, a uma rádio baiana, já brilhantemente analisada por Felipe Moura Brasil, gostaria de destacar três, sendo um, infelizmente, insanável.
Comunicação: Lula é um brilhante orador, e isso ninguém questiona. Sua capacidade de encantar – e eu diria enganar – as pessoas menos atentas e instruídas é insuperável. Porém, sua limitação cultural e falta de vocabulário, por vezes, acaba expressando posições diferentes daquelas que, em tese, pensou.
Traduzindo Lula
Atenção para esse trecho: “Não é possível que numa imprensa escrita, numa televisão, sabe, normal, o cidadão falou uma bobagem, ele é punido. Tem lei para isso… E no digital não tem lei, os caras acham que pode fazer o que quiser, provocar, xingar, sabe, incentivar a morte, incentivar promiscuidade das pessoas e não tem nada para punir.”
Imagino que o moralizador-mor da República esteja se referindo às fake news em redes sociais, e não à imprensa digital formal, como O Antagonista e outros veículos de comunicação profissionais, porque, neste caso, já há regulação estatal (quando concessões) e judicial. Contudo, ainda assim, Lula também gostaria de “regular” esse meio de informação, mas é assunto para o último de seus defeitos.
Covardia: Uma das muitas definições de covardia, e exatamente a que me refiro, é: “uma característica em que a prudência ou o medo (receio) excessivos impedem um indivíduo de correr riscos ou enfrentar perigo”. Políticos, geralmente, são comedidos (covardes) em suas palavras. Raramente chamam as coisas pelos nomes que têm. Usam e abusam de metáforas, figuras de linguagem e duplo sentido.
Leiam isso: “Não é possível que um cidadão ache que ele pode interferir na cultura da China, na cultura do Brasil, na cultura da Rússia, na cultura, sabe, da Venezuela, na cultura da Argentina, que ele pode entrar em qualquer lugar e falar o que ele quiser. Não pode!”
O pai do Ronaldinho dos Negócios, muito provavelmente, está se referindo às big techs, notadamente Elon Musk, do X, e Mark Zuckerberg, da Meta. Digo isso porque nenhum ser humano “normal” tem a capacidade de interferir na cultura de qualquer país. Lula e o PT, não sem alguma razão, porém, atribuem tal poder às plataformas digitais de massa.
Um pouco de estudo e treino conseguiriam, se não corrigir, ao menos melhorar bastante a capacidade de expressão de Lula. Assim como coragem, determinação e segurança trariam clareza às críticas do petista. Porém, há um defeito insanável: Autoritarismo. Este, meus caros leitores, só uma reencarnação muito aprimorada poderia começar a resolver. Lula é um autoritário crasso. Sempre foi. Não à toa o PT continuar totalmente dependente de uma só personagem, de um só líder, ou seja, dele próprio, Lula.
Bem, em primeiro lugar, é claro que qualquer um pode – ou deveria poder – entrar em qualquer lugar e falar o que quiser. Se ultrapassar os limites legais, que seja julgado e punido na forma da lei. Mas, a priori, não há que se proibir alguém de falar o que quiser. Pior ainda é a fala seguinte. Lula afirma peremptoriamente que o STF deve legislar, o que, obviamente, não é sua função.
Como a Suprema Corte é composta por – como ele mesmo chama – “companheiros”, e como não se cansa de dar sinais no mesmo sentido autoritário, de controle das redes sociais e plataformas digitais de informação, Lula, na eventual discordância do Congresso Nacional em caminhar neste sentido, já avisa: vamos regular! Porque é “Preciso moralizar.”
O ponto, aqui, é descobrir o sentido de moralidade para Lula. Por exemplo: para mim, empresários que confessaram suborno e políticos que foram condenados e presos por corrupção não poderiam sentar-se à mesa com um presidente da República, ainda que este, anteriormente, já tenha sido condenado e preso também por corrupção. Como não sou “covarde”, dou nome aos bois: Joesley e Wesley Batista, Valdemar Costa Neto e Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente.
“Todo mundo tem direito à liberdade de expressão, mas a liberdade de expressão não é as pessoas utilizarem esses meios de comunicação para canalhice! Para fazer provocação! Para mentir todo santo dia!”. Quem disse que “não”, cara pálida? Você? As pessoas têm o direito de fazer o que quiserem, Lula! Inclusive, como você mesmo, mentir e provocar.
Quarto defeito
O senhor, ó Deus da Perfeição, mente sem parar. Aliás, já confessou publicamente (o caso das milhões de crianças passando fome no Brasil). Nesta mesma entrevista, inclusive, voltou a acusar Israel de genocídio, o que é mentira.
Outro dia, relacionou Trump a “Nazismo e fascismo com outra cara“. E já chamou Bolsonaro de “Covardão” (o que é verdade, diga-se). E aí, presida: cabe uma autorregulação por mentira e provocação ou só vale para os outros?
Escrevendo essa coluna, agora, acabei de me lembrar e de citar outro defeito insanável de Lula: as Mentiras. Mas já tomei bastante tempo do leitor. Fica para a próxima.
O Antagonista