Apesar de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter se elegido empunhando a bandeira de defesa das florestas e criticando à gestão ambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista tem se mostrado incapaz de enfrentar os desafios das queimadas na Amazônia. É o que afirma o jornal O Estado de S.Paulo, em seu editorial desta segunda-feira, 26.
As reações à destruição da maior planície alagada do planeta foram enfáticas em 2020, quando o Pantanal pegou fogo. Neste ano, o drama se repete, e agora o fogo aumenta na maior floresta tropical do mundo.
“Com tantos superlativos, a responsabilidade do país é grande, sobretudo a do governo de turno”, diz a publicação. “E é justamente por isso que a gestão lulopetista é cobrada para dar resposta mais efetiva de prevenção e combate à devastação.”
Mas, ao que tudo indica, os apelos não têm surtido muito efeito. Embora o desmatamento da Amazônia tenha recuado, foram registrados mais de 43 mil focos de incêndio, o que coloca o período entre 1º de janeiro e 20 de agosto como o pior em 17 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em 2024, nada menos do que o dobro de focos foi identificado em relação ao ano passado, e, segundo a plataforma Monitor do Fogo do MapBiomas, a área queimada da floresta em hectares também praticamente dobrou.
A situação só piora porque o fogo tem se espalhado mais cedo neste ano e avançado até por regiões não desmatadas. Aumenta o drama o fato de o país atravessar uma longa seca, intensificada pelo El Niño.
“Para um governo que se diz tão zeloso da pauta ambiental, essa conjunção de fatores não deveria causar surpresa”, diz o Estadão. “Ao contrário. As medidas preventivas, primeiramente, e as de enfrentamento, na sequência, já deveriam ter sido muito bem planejadas. Por ora, segundo o Ministério do Meio Ambiente, são 1.489 brigadistas, e, dado o tamanho do desafio, o número parece insatisfatório.”
Greve de servidores pode ter influenciado queimadas na Amazônia
A publicação destaca que a greve dos servidores ambientais, encerrada recentemente, pode ter influenciado para a alta das queimadas na Amazônia. “Mesmo sem a adesão dos brigadistas, a paralisação prejudicou a fiscalização de outros crimes ambientais, o que pode sinalizar uma certa displicência do poder público”, afirma o texto.
Especialistas defendem o foco do governo na prevenção, com a presença de servidores no campo para impedir os incêndios ilegais e orientar os produtores rurais para as boas práticas de manejo.
O jornal destaca que, atualmente, é possível monitorar focos de calor e coletar informações sobre a recorrência do fogo, o que decerto ajudaria na definição das estratégias das autoridades.
“Conhecimento e tecnologia não faltam no Brasil”, diz o Estadão. “Pode faltar, sim, competência, mas o certo é que boas intenções não bastam. Seja lá o que for, não há desculpas.”
Fonte: Revista Oeste