Depois do 8 de janeiro, esta foi a primeira vez que manifestantes conservadores se aproximaram da Praça dos Três Poderes. Para uma quarta-feira e com expediente normal, a presença foi além das expectativas dos organizadores
Como toda manifestação realizada pela direita desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, milhares de pessoas compareceram ao ato pró-anistia convocado pelo capitão.
A velha imprensa tentou desqualificar em seus canais de comunicação, porém, as imagens tiradas de/em vários ângulos jogam por terra qualquer narrativa de que o movimento foi “esvaziado”.
Com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e de dezenas de parlamentares, a oposição espera aumentar a pressão sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para destravar a votação do projeto de lei da anistia para os presos do 8 de janeiro.
A “Caminhada Pacífica pela Anistia Humanitária”, que tem perspectiva de ser menor do que as manifestações no Rio de Janeiro e em São Paulo, partiu da Torre de TV, no Eixo Monumental, e seguiu com um carro de som até a Esplanada dos Ministérios. Ao longo do trajeto, Bolsonaro, parlamentares e apoiadores da pauta discursaram em um caminhão de som.
Bolsonaro participou do evento, apesar da orientação de seus médicos para evitar estar em meio a grandes públicos por pelo menos três semanas. O ex-presidente recebeu alta no fim de semana, após fazer uma cirurgia no intestino e ficar internado por 22 dias, devido a complicações do atentado que sofreu em 2018.
Ao fazer um breve discurso para a multidão, ele defendeu que a decisão sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 é uma prerrogativa do Congresso e “ninguém tem que se meter”.
“Quem esperava um público como esse em Brasília no meio da semana? Ninguém esperava. A presença de vocês aqui é a certeza de que estamos no caminho certo. A anistia é um ato político e privativo do parlamento brasileiro. O parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada”, afirmou o ex-presidente.
Além dele, discursaram no evento a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Luciano Zucco (PL-RS), Eros Biondini (PL-MG), Helio Lopes (PL-RJ), Domingos Sávio (PL-MG); os senadores Marcos Pontes (PL-SP), Marcio Bittar (União-AC), Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE), entre outros parlamentares da oposição.
Do carro de som, Michelle lembrou uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que, ao julgar Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio de Janeiro condenada em um desdobramento da Lava Jato, disse que a prisão de mulheres grávidas ou com filhos sob os cuidados delas era absolutamente preocupante e, por isso, argumentou por medidas alternativas à prisão.
“Pois bem, meus amados, Débora [Rodrigues] pegou dois anos de prisão, está em casa, pode voltar para a cadeia, tem dois filhos pequenos. Por que a balança só pesa para um lado? Temos que exigir anistia já, justiça para Débora, justiça para Vildete, de 74 anos com 40 quilos que está tratando de um câncer e não pode estar em casa”, disse Michelle.
A deputada Caroline De Toni (PL-SC), por sua vez, prometeu apoio à anistia “geral e irrestrita aos presos políticos do 8 de janeiro”. Ela também lembrou que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, estava votando o pedido do PL para a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem, que também pode beneficiar Bolsonaro – posteriormente, o pedido foi aprovado.
Vestindo uma camiseta onde se lia “2026 já começou”, em referência às próximas eleições, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) se emocionou ao enaltecer Bolsonaro e disse que “não vamos abandonar aqueles que acreditam em nosso país”. “Vamos voltar para as ruas todas as vezes que nosso capitão nos chamar”, completou Gayer. Ao lado dele, o ex-presidente também chorou.
“Temos o maior desafio do momento, que é a anistia aos presos políticos do dia 8 de janeiro, que não tiveram absolutamente dupla jurisdição, não tiveram ampla defesa ou acesso e estão lá numa situação deplorável. Esse não é um assunto de direita, é de esquerda, nem contra governo nem a favor, é um assunto de humanidade”, disse o senador Girão, um dos primeiros parlamentares a falar durante a caminhada.
Além dos políticos, familiares de presos, influenciadores digitais e caravanas de pelo menos nove estados estiveram presentes na manifestação pró-anistia em Brasília. Participando da caminhada, Raquel, a esposa de um dos presos, contou à Gazeta do Povo que espera que a anistia possa beneficiar seu marido, condenado a 17 anos de prisão. “A gente está lutando para que a anistia seja aprovada, para que os nossos saiam dessa injustiça, que as famílias possam reviver”, disse ela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que despenca diuturnamente nas pesquisas eleitorais, não estava em Brasília nesta quarta-feira, já que embarcou para a Rússia na noite de terça-feira (6).
Uma pena…
Da redação com informações Gazeta do Povo